Câmara aprova PL que institui Política Municipal de Combate e Erradicação da Pobreza Menstrual

por Imprensa publicado 24/08/2021 13h40, última modificação 25/08/2021 15h34
De autoria da vereadora Bruna Spitzner, o projeto também cria o Programa de fornecimento gratuito de absorvente às mulheres de baixa renda ou em vulnerabilidade social

As políticas públicas municipais voltadas aos direitos das mulheres terão mais uma ferramenta de ação garantida por lei em Guarapuava. Isso porque na sessão desta segunda-feira (23), a Câmara de Vereadores aprovou, por unanimidade, o Projeto de Lei Ordinária 36/2021, de autoria da Vereadora Bruna Spitzner, que institui a Política Municipal de Combate e Erradicação da Pobreza Menstrual e o Programa de fornecimento gratuito de absorventes íntimos às mulheres de baixa renda ou em vulnerabilidade social.

A iniciativa partiu do projeto conjunto “Campanha Dignidade Feminina”, promovida pela Procuradoria da Mulher do Poder Legislativo Municipal, Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres, Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social, Defesa Civil, Centro Universitário Campo Real e UniGuairacá. A ação promove, desde maio deste ano, a arrecadação de pacotes de absorventes para distribuição às mulheres atendidas pela Defesa Civil. Desde o início da campanha já foram arrecadados mais de 1.500 pacotes, que estão em distribuição constante às mulheres que precisam.

“Nossa Câmara dá o exemplo de atuação de um poder legislativo comprometido com a pauta da mulher e com a efetivação de políticas públicas de transformação social. Esse projeto com certeza vai impactar diretamente na qualidade de vida de diversas guarapuavanas, em uma resposta sólida à demanda de saúde pública dessas mulheres, não só no que tange a saúde física, com fornecimento de produtos em qualidade e quantidade correspondente à necessidade, mas também na atuação direta do bem estar social, educacional, profissional e na confiança das nossas mulheres”, destacou a Vereadora. 

O projeto agora segue para sanção do prefeito Celso Góes.

POBREZA MENSTRUAL

O projeto de lei parte da compreensão da pobreza menstrual como a falta ou dificuldade de acesso por parte de adolescentes e mulheres com útero ativo a itens básicos de higiene pessoal, como absorventes íntimos ou coletores menstruais; seja por falta de informação, falta de educação adequada para compreender/conhecer o ciclo menstrual e/ou por dificuldades sociais e econômicas.

O tema alcançou grande conhecimento popular a partir de um levantamento nacional inédito realizado pela Toluna/Always no início de 2020 com mais de mil mulheres brasileiras, com idade entre 16 e 29 anos, de todas as regiões e classes sociais, que apontou que, em algum momento da vida, 29% delas não tiveram dinheiro para comprar produtos higiênicos voltados ao período menstrual. O dado alarmante revela um impacto direto no âmbito educacional (já que uma em cada quatro das entrevistadas declarou já ter faltado na aula por não poder comprar absorventes) e ainda no âmbito profissional, considerando que a falta de itens básicos de higiene pessoal para as mulheres durante o período menstrual torna inviável sua liberdade de ir e vir, afeta diretamente sua confiança, seu bem estar social e saúde física. Na falta de condições sociais e/ou econômicas de acesso a tais itens, muitas adolescentes e mulheres acabam por utilizar alternativas como papel higiênico, pano (a exemplo de roupas velhas), tecidos, toalhas de papel, miolo de pão, toalha, algodão e meias. O uso de tais materiais, inadequados para a saúde feminina, pode gerar infecções e impactos duradouros, como afetar a fertilidade dessas mulheres, resultando no crescimento da busca por atendimentos especializados no serviço de saúde pública. 

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