Procuradoria da Mulher lança campanha de conscientização sobre feminicídio
A Câmara de Guarapuava, por meio da Procuradoria da Mulher, deu início nesta sexta-feira (18/07) a uma campanha de conscientização contra o feminicídio. A iniciativa acontece em antecipação ao Dia Estadual de Combate ao Feminicídio (22/07), e busca mobilizar a sociedade por meio da informação e do engajamento.
Ao longo dos próximos dias, uma série de conteúdos informativos será publicada nas redes sociais da Câmara e da Procuradoria da Mulher. O material tem como objetivo divulgar informações sobre os tipos de violência, os canais de denúncia e o trabalho da Procuradoria da Mulher.
Confira o material completo nas redes sociais clicando aqui
A Procuradora da Mulher da Câmara de Guarapuava, vereadora Profª Bia (PV), explica que o Dia de Combate ao Feminicídio é um marco fundamental no calendário de enfrentamento à violência de gênero. “O feminicídio é o desfecho mais cruel de um ciclo de violências, que muitas vezes começa de forma silenciosa. Por isso, precisamos atuar de forma integrada na prevenção, no acolhimento e na garantia de direitos”, pondera a Procuradora da Mulher.
Feminicídio é apenas topo da pirâmide da violência contra mulher
O feminicídio é a expressão máxima da violência de gênero e representa um grave problema social no Brasil. Segundo o Relatório Anual Socioeconômico da Mulher 2025 (Raseam), elaborado pelo Observatório Brasil da Igualdade de Gênero, no ano passado foram contabilizados 1.450 casos de feminicídio no país. Além disso, houve o registro de 2.485 homicídios dolosos de mulheres, incluindo ocorrências seguidas de lesões corporais com resultado de morte. A violência sexual também é um indicador alarmante, com uma média de 196 estupros por dia em todo o território nacional em 2024.
Em Guarapuava, houve registro de um feminicídio neste período. Apesar disso, entre janeiro de 2024 e 30 de junho de 2025, foram 1096 novos atendimentos a mulheres vítimas de violência, de acordo com informações da Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres de Guarapuava, com dados obtidos por meio do Sistema Unificado de Atendimento à Mulher (SUAM). Os casos se distribuem da seguinte forma:
Tipo de violência |
Número de atendimentos registrado pela Secretaria |
Violência psicológica |
832 |
Violência física |
533 |
Violência física |
361 |
Violência patrimonial |
248 |
Ameaça de morte |
185 |
Violência sexual |
57 |
Violência durante a gestação |
1 |
Violência obstétrica institucional |
1 |
Rompimento do ciclo de violência
Os números reforçam que o feminicídio não é um episódio isolado, mas o ponto final de um ciclo contínuo de agressões, que deve ser interrompido ainda nas suas fases iniciais. “Começa com agressões psicológicas, às vezes moral, e é progressiva mesmo. Ela vai aumentando em intensidade, até passar a ser uma violência física. Vai aumentando cada vez mais essa fase de tensão até que possa vir a acontecer um feminicídio”, destaca a coordenadora do CRAM (Centro de Referência de Atendimento à Mulher), Camila Andressa Gaspar.
Nesse sentido, a coordenadora lista algumas conta que reconhecer a violência e buscar ajuda é o primeiro passo para romper o ciclo. Veja algumas orientações:
1. Identificar os sinais: Xingamentos, controle excessivo, humilhações, ameaças, ciúmes constantes;
2. Procurar apoio: Converse com alguém de confiança; Ligue para o 180 (Central de Atendimento à Mulher); Busque acolhimento em CRAMs, Delegacias da Mulher, Defensorias Públicas, ou Centros de Referência;
3. Formalizar a denúncia: Registre um boletim de ocorrência, Solicite medidas protetivas, quando necessário;
4. Fortalecer a autonomia: Participe de grupos de apoio; Procure capacitações e programas de geração de renda; Acesse atendimento psicológico e jurídico gratuito;
Evento interinstitucional promove capacitação no dia 22 de julho
Para aprofundar o debate e fortalecer a atuação da rede de proteção, na próxima terça-feira, 22 de julho, acontece o evento “Por Elas e Com Elas: A Luta é de Todos Nós”. A ação será uma capacitação interinstitucional focada na prevenção e no enfrentamento ao feminicídio.
O objetivo, segundo a Profª Bia, é promover uma mobilização que reúna diferentes setores da sociedade, pois o combate à violência exige articulação, compromisso e responsabilidade compartilhada. “Enquanto Procuradora da Mulher, acredito que é nosso dever fortalecer a rede de proteção. Cada mulher salva, cada vida preservada, é resultado de políticas públicas sérias, de diálogo entre instituições e, acima de tudo, de uma sociedade que se recusa a aceitar a violência como algo normal”, completa a vereadora.
Caminhada do meio-dia mobiliza municípios paranaenses
Ainda como parte das ações do Dia Estadual de Combate ao Feminicídio, a Procuradoria da Mulher da Câmara de Guarapuava participará da Caminhada do Meio-Dia, iniciativa organizada pela Secretaria Estadual da Mulher, Igualdade Racial e Pessoa Idosa (Semipi).
A mobilização acontece simultaneamente em 121 municípios paranaenses e integra a campanha Paraná Unido no Combate ao Feminicídio. A caminhada busca sensibilizar a população e reafirmar o compromisso do Estado com a construção de uma sociedade mais segura e justa para todas as mulheres.