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Câmara de Guarapuava recebe audiência pública sobre inclusão de pessoas com TEA e neurodivergências

por Imprensa publicado 25/06/2025 22h47, última modificação 25/06/2025 22h47
Evento reuniu vereadores, especialistas, familiares, profissionais e representantes de instituições para debater políticas públicas inclusivas

Na noite desta quarta-feira (25/06), a Câmara de Guarapuava recebeu a audiência pública “Escutar para incluir, incluir para transformar”, voltada ao debate sobre os direitos e a inclusão de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e outras neurodivergências.

O evento foi proposto pelo vereador Professor Pablo (PP) e realizado no plenário da Casa Legislativa, reunindo um público diverso e engajado com a pauta. Estiveram presentes representantes de instituições, profissionais da educação, servidores públicos, estudantes, lideranças comunitárias e políticas.

A audiência foi transmitida pela TV Câmara e pode ser assistida na íntegra pelo link: https://www.youtube.com/watch?v=fGk0gXrjF2Q

Troca de experiências

A pauta da audiência girou em torno da ampliação do diálogo entre sociedade civil, especialistas e poder público sobre os desafios enfrentados pela população neurodivergente em áreas como saúde, educação e participação social. Foi uma oportunidade de ouvir relatos diretamente de quem vivencia essas realidades.

Losanja dos Santos, mãe atípica e presidente da AGMA (Associação Guarapuavana Mundo Azul), que presta atendimento ao público com TEA, trouxe uma reflexão sobre a efetividade das leis. “A Lei 21.964/2024, que é o Código Estadual da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista... Quantas dessas leis estão sendo praticadas? Eu olhei hoje e temos mais de 113 que amparam tudo: famílias, pessoas autistas e quem está no início do processo. Mas quantas estão sendo colocadas em prática?”, questionou.

Gisele Cordeiro, professora da rede pública e também mãe atípica, compartilhou sua vivência com alunos neurodivergentes e as dificuldades enfrentadas no início da carreira. “O que é incluir na prática? Será que os profissionais estão preparados? Meu primeiro aluno autista... eu chegava em casa e chorava, porque não sabia como lidar com ele. Eu tinha noção de que era autismo, mas não sabia o que fazer”, relatou.

A médica neuropediatra Aline Besen Tomasi destacou diversos entraves enfrentados pelas famílias, especialmente no acesso ao diagnóstico. “Há pouquíssimos neuropediatras. Se já é difícil na rede particular, imagina no SUS”, observou. Ela também apontou o problema de os alunos só terem acesso a adaptações após o diagnóstico, o que agrava ainda mais o sofrimento das crianças e das famílias.

O psicólogo e especialista em neurociências Anderson Garcez Faccio reforçou a importância do diagnóstico precoce dos transtornos do neurodesenvolvimento, como o autismo, para que as intervenções comecem o quanto antes, aproveitando a fase de maior plasticidade cerebral.

Outro tema abordado foi a superdotação, considerada uma forma de neurodivergência. A neuropsicopedagoga Terezinha Adriana Custódio, que acompanha casos assim, ressaltou que muitas famílias enfrentam dificuldades quando seus filhos apresentam altas habilidades. “Esses estudantes, às vezes, precisam de aceleração escolar e não conseguem. Ou necessitam de atendimento educacional especializado e não têm acesso”, explicou. Apesar da inteligência acima da média, esses alunos frequentemente enfrentam desafios emocionais, como ansiedade, intolerância à frustração e intensidade emocional.

Participação dos parlamentares

A audiência também contou com a presença da vereadora Jussara da Apae (MDB), de Reserva do Iguaçu, e da deputada estadual Cristina Silvestri (PP). “Essas políticas públicas não podem vir de cima para baixo. Elas precisam ser construídas a partir da escuta das famílias e da sociedade”, afirmou a representante do Legislativo Estadual.

A vereadora Professora Terezinha (PT) elogiou o trabalho de profissionais e instituições da cidade que atuam na área e reforçou que, apesar da existência de legislações específicas, ainda é necessário avançar, especialmente na formação dos educadores. Para ela, oferecer capacitação adequada é essencial para que os professores saibam como lidar corretamente com crianças autistas, evitando sofrimento para os alunos e também para os profissionais.

A vereadora Profª Bia (PV) fez uma reflexão sobre como, no passado, comportamentos atípicos de crianças eram tratados de forma inadequada e, muitas vezes, violenta. Para ela, é fundamental garantir que tais práticas não se repitam e que o poder público se comprometa com políticas inclusivas e com a formação contínua dos educadores.

Presidindo a audiência, o vereador Professor Pablo ressaltou que o objetivo do encontro foi ouvir, acolher as dores e refletir sobre as dificuldades, especialmente no campo da educação, onde, segundo ele, surgem os maiores desafios. Ele também propôs um novo olhar sobre o tema. “É o momento de acolher tudo isso que ouvimos aqui e construir, de fato, as políticas públicas que as pessoas com Transtorno do Espectro Autista e outras neurodivergências necessitam”, disse.

Por fim, o parlamentar destacou a importância de não apenas criar novas leis, mas garantir que as existentes sejam aplicadas. “Talvez precisemos de menos leis e mais fiscalização para que elas sejam efetivadas”, concluiu.


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